Duo, Lu do Magalu e mais: conheça as estratégias de 5 mascotes e influencers virtuais de sucesso e veja como criar um para a sua empresa
Assim como nas grandes marcas, personagens podem colaborar para que pequenos negócios criem conexão com clientes, especialmente os da Geração Z, e impulsionem as vendas
Seja ilustrando embalagens e comerciais de televisão, seja interagindo nas redes sociais, os influenciadores virtuais e mascotes são utilizados de formas diversas pelas marcas como ferramentas de comunicação externa. Em entrevista a PEGN, especialistas de marketing ligados a alguns desses famosos personagens – da Lu do Magalu ao passarinho Duo, do Duolingo – são unânimes em apontá-los como um meio de promover e manter a conexão entre as empresas e seus clientes. Eles também indicam que os pequenos negócios podem se beneficiar com essa estratégia do mesmo modo e criar seus próprios ícones.
De acordo com João Finamor, professor de marketing digital na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), as marcas optam pelos personagens animados não só por eles serem capazes de gerar empatia com o cliente, mas também por serem mais versáteis em relação aos influenciadores humanos. Por serem recursos animados, eles conseguem facilmente contar diferentes histórias e aparecer em conteúdos diversificados. Além disso, conectam-se bem com novas gerações de consumidores.
“Esse tipo de personagem conversa muito fortemente com a Geração Z e a Geração Alpha, que são gerações nativas digitais e que, inclusive, já constroem seus avatares para se relacionar”, avalia Finamor. “Agora, com as mídias imersivas, que estão vindo com os óculos de realidade virtual e outros modelos, os mascotes e influenciadores virtuais vão ser um ótimo caminho para traduzir os valores e os arquétipos da empresa em uma rápida comunicação.”
De olho nos benefícios que esses personagens oferecem para companhias de diversos segmentos, profissionais de marketing têm se dedicado a dar ainda mais destaque aos conteúdos específicos relacionados a esses ícones. Os personagens ganham vida própria, acumulam fãs e colaboram para a popularização das empresas.
Confira cinco desses personagens e saiba como usar a estratégia de marketing para sua marca:
1 – Duo (Duolingo)
Com 225,8 mil seguidores no X, a coruja Duo é conhecida por interagir com o público de forma sarcástica, postar frases inusitadas para responder provocações e recriar memes. O personagem é o ícone do Duolingo, plataforma de ensino de idiomas criada há pouco mais de dez anos nos Estados Unidos.
Segundo Analigia Martins, diretora de marketing da empresa no Brasil, a ave foi escolhida para representar a empresa pelo fato de as corujas serem tradicionalmente relacionadas à sabedoria. A opção pela cor verde, diz ela, ocorreu devido a uma piada interna de um dos fundadores da companhia, Luis von Ahn, direcionada ao também cofundador Severin Hacker, que não gostava dessa cor.
Segundo Martins, o tom brincalhão da coruja tem o objetivo de proporcionar leveza ao aprendizado. Como aprender um idioma não é fácil, a equipe por trás da marca buscou deixar o processo o mais divertido e encorajador possível. O Duo fala em primeira pessoa e motiva os alunos a estudar de forma muito bem humorada. Nos EUA, a empresa mantém uma loja online em que são vendidos alguns produtos do mascote, mas isso ainda não ocorre no Brasil. Por aqui, ele interage com o público nas redes sociais e fisicamente, em eventos pontuais.
“O Duo se tornou um creator e influenciador digital e sempre que o inserimos no contexto cultural brasileiro, criamos uma forte identificação com nossa audiência. Além de trabalharmos com ele nas redes sociais, outra forma que encontramos de entregar conteúdos e gerar engajamento foi levar nosso mascote Duo fisicamente para eventos e momentos relevantes, promovendo a interação com os alunos brasileiros de forma autêntica”, explica.
2 – Lek Trek (Sadia)
Conhecido como o “franguinho da Sadia”, o Lek Trek foi idealizado pelo publicitário Francesc Petit (morto em 2013), bem antes da popularização da internet no Brasil, em 1971. Na época, o personagem não era nomeado e era chamado apenas de frango veloz, ganhando roupas e adereços que lembravam a indumentária de um piloto de corrida. O objetivo era demonstrar a relação da marca com a ideia de inovação. O nome oficial do mascote só foi escolhido tempos depois, nos anos 1980, em uma votação popular.
Luciana Bülau, gerente executiva de marketing da Sadia, explica que o personagem foi se modificando com o tempo, passando de bidimensional para multidimensional, e ganhando novas facetas nas peças publicitárias da empresa. No entanto, um dos pontos mais fortes do personagem é a sua presença nas embalagens dos produtos da marca. “Quando ele aparece nas nossas embalagens, isso resulta em um aumento de 30% nas intenções de compra”, pontua.
Na Sadia, o Lek Trek é tratado tal qual o Mickey pela Disney, diz Bülau. Considerando o personagem como uma das propriedades mais valiosas da marca, a companhia tem investido em dar mais teatralidade e personalidade ao mascote, com ações no meio digital, propagandas de TV, collabs com outras empresas e aparições presenciais em eventos para conexão com públicos de gerações diversas. “Ele transcende idade e classe social.”
3 – Lu do Magalu (Magazine Luiza)
A influenciadora virtual Lu do Magalu foi criada em 2003, idealizada por Frederico Trajano, atual CEO do Magazine Luiza. Como, na época, as pessoas ainda tinham receio de fazer compras no e-commerce, a personagem nasceu com a missão de ser uma figura que humanizasse a experiência de compra pela internet, afirma Aline Izo, gerente de redes sociais da varejista.
A personagem, com o tempo, tornou-se uma ferramenta de inclusão digital do Magalu. “Entendemos que dar acesso a dispositivos conectados não é incluir as pessoas. Para incluir, é preciso ajudar a pessoa a mexer com aquilo e aproveitar todo o potencial da tecnologia a seu favor. Ela é uma especialista em tecnologia que descomplica, simplifica e explica”, avalia Izo.
No X, a Lu do Magalu é acompanhada por 1,3 milhões de pessoas. Na plataforma, ela também tem o papel de criar uma comunidade engajada com a empresa e dar voz a posicionamentos oficiais da marca. “Ela é porta-voz e tangibiliza nossos valores e posicionamentos. É a Lu quem explica e defende nossas causas publicamente.”
4 – Nat (Natura)
A personagem Nat, da marca de cosméticos Natura, foi lançada em 2016. Segundo Denise Coutinho, diretora de marketing da empresa, o avatar foi pensado primeiramente para ser usado dentro do Facebook, como um bot para mostrar opções de presentes nas compras online. Em 2018, ela se tornou assistente virtual e, no ano seguinte, passou a ser uma influenciadora digital e porta-voz da marca no X e no TikTok, atuando em campanhas publicitárias.
Segundo Coutinho, a composição da identidade visual e da narrativa de Nat teve a contribuição do time de relacionamento com clientes e consultoras de beleza da Natura. A ideia era que a personagem, que é negra, pudesse captar as principais características das mulheres brasileiras. “A representatividade é fundamental para dar legitimidade à voz da Nat. Com isso, para trazer ainda mais assertividade e verdade ao seu discurso, toda estratégia, conteúdo e interações são validadas pelo Squad de Potências Femininas Negras”, explica.
Atualmente, a personagem tem ajudado a marca a humanizar seu discurso e se aproximar da Geração Z. Além das redes sociais, ela já esteve presente no metaverso. “A Nat está antenada ao que está acontecendo nas redes sociais, nas trends e, sempre que faz sentido, entra nessas conversas. Ela nos aproximou ainda mais do público mais jovem e nos permitiu participar de maneira mais ativa em discussões e movimentos que acontecem no Brasil e no mundo, promovendo interações e experiências enriquecedoras em nossos canais online.”
5 – Shopito (Shopee)
Caçula entre os mascotes, o Shopito foi lançado em abril de 2022 pelo marketplace Shopee e é uma representação do vira-lata caramelo, animal muito popular no Brasil. De acordo com Felipe Piringer, head de marketing da empresa, o personagem foi desenvolvido a partir dessa raça de cão para reforçar os atributos da marca: “simples, feliz e amigável”.
“A campanha de lançamento incluiu uma ação com pets em que o personagem incentivou doações para a ONG Anjos de Pata. Desde então, o Shopito passou a representar a marca como mascote e está presente nos jogos, nas redes sociais e no blog da Shopee, além de ter uma participação ativa em materiais de comunicação interna”, afirma Piringer.
No X, o Shopito aparece como ícone da empresa com o nome de ‘ADM da Shopee’ e fala para 311,5 mil seguidores. O personagem aparece recriando memes e anunciando as promoções da marca. Com o sucesso nas redes, ganhou uma versão gigante para circulação presencial e também virou pelúcia em versões para pets e para humanos, que são vendidas na plataforma a preços a partir de R$ 65,90.
Dicas para elaborar um mascote para sua marca
Com as ferramentas e facilidades ofertadas pelas mídias digitais, as pequenas empresas podem criar um mascote para suas marcas com baixo custo e ampla possibilidade de uso nas redes sociais e em materiais impressos. Nessa hora, vale explorar a criatividade, não copiar um personagem já existente e atentar-se para alguns pontos essenciais que façam daquele ícone a cara da empresa.
Os especialistas listaram oito dicas preciosas para facilitar esse processo de criação. Veja:
- Escolha como mascote um ícone (animal, humano, objeto etc.) que reflita a essência da empresa e tenha potencial de adesão;
- Desenvolva uma personalidade para o mascote, como se fosse, de fato, uma pessoa;
- Preze pela qualidade na apresentação do personagem para o público, seja nos aspectos gráficos, seja no material da fantasia (no caso de mascotes físicos), visto que ele será uma representação da empresa;
- Esteja ciente de que o personagem será um canal de comunicação com seu público e, portanto, precisa transmitir com clareza os valores e todas as informações da marca;
- Faça com que o personagem mantenha interação frequente com os clientes nas redes sociais;
- Priorize a linguagem lúdica, descontraída e amigável na comunicação com o público;
- Preocupe-se em manter o personagem ‘vivo’ ao longo do tempo, criando uma história e contextos que ajudem o mascote a ter vida longa;
- Crie versões versáteis do mascote para que elas possam ser adaptadas a diversos produtos de marketing.
Fonte: Site Pequenas Empresas e Grandes Negócios
Por: Shagaly Ferreira