Campanha publicitária do papel higiênico preto Personal Vip Black é acusada de racismo. Marca usou ‘black is beautiful’ como uma hashtag.
A marca Personal acaba de lançar um papel higiênico preto e escolheu a atriz Marina Ruy Barbosa para divulgar o produto. Segundo a fabricante Santher, é o primeiro papel higiênico preto produzido no país.
Batizado de “Personal Vip Black”, o papel promete trazer mais sofisticação e “um novo olhar para a decoração com diferenciação”. A campanha publicitária mostra Marina ‘vestida’ apenas com o papel higiênico, e foi fotografada por Bob Wolfenson, nome consagrado na moda. A atriz foi selecionada para apresentar o produto por ser “sinônimo de glamour e elegância”, de acordo com a marca.
“Ela representa a essência deste lançamento, um papel higiênico criado para mostrar que bom gosto e requinte podem estar presentes em todos os momentos do dia a dia das famílias” justificou em nota a líder de marketing da marca, Lucia Rezende.
A polêmica sobre a campanha
A campanha publicitária do papel higiênico preto Personal Vip Black, fabricado pela empresa Santher, foi acusada de racismo. Nas redes sociais, a marca foi acusada de se apropriar do slogan ‘Black is Beautiful’ (preto é lindo), usado pelo movimento negro americano desde a década de 1960.
O comercial do Personal Vip Black é estrelado pela atriz Marina Rui Barbosa, que é ruiva. O fato de uma mulher branca protagonizar a campanha também foi questionado nas redes sociais.
Um dos críticos da campanha foi o escritor Anderson França, o Dinho. Em postagem nas redes sociais, ele afirma que ‘se você digitar “black is beautiful” em qualquer lugar do mundo encontrará referências a Angela Davis, Malcolm X, O Partido Panteras Negras para Autodefesa, Fela Kuti, James Baldwin, Nina Simone’.
“Mas, no Brasil, se você digitar #blackisbeautiful você vai encontrar papel de bunda. […] Aquilo que você usa pra se limpar de excremento, e em seguida elimina, tomado de nojo e aversão. Aquilo que tem apenas uma função: limpar fezes e secar urina de suas carnes, e ir para o lixo. Se isso não é uma demonstração explícita de racismo e humilhação étnica, criminosa, eu perdi alguma aula.”
A resposta da empresa
A Santher, empresa dona da marca, disse que o único objetivo da mensagem foi o “de destacar um produto que segue tendência de design já existente no exterior”, e que não houve pretensão de nenhum outro significado. “Refutamos toda e qualquer insinuação ou acusação de preconceito neste caso e lamentamos outro entendimento que não seja o explicitado na peça”, escreveram as empresas. A empresa disse que retirou o slogan da publicidade, e pediu desculpas por eventual associação ao movimento negro “tão respeitado e admirado por nós”, escreveu.
Fonte: Porta G1